sábado, 28 de novembro de 2015

José Quezado Filgueiras Lima, meu heptavô: a origem da família Quezado no Brasil

José Quezado Filgueiras Lima, o "Urucubaca", é considerado a origem da família Quezado no Brasil. Mas pouco se conhece a respeito do mesmo.

Segundo Filgueiras (2013):

"O português José Quezado Filgueiras Lima, o “Urucubaca”, desembarcou no Brasil no século XVIII, em torno de 1750, onde casou-se com a baiana Maria Pereira de Castro. Por volta de 1770 transferiu-se com a família para a região do Cariri Cearense.
Coronel Romão Pereira
Filgueira Sampaio
É ancestral dos Filgueiras, Filgueiras Sampaio de Barbalha-CE, Salgueiro-PE e Serrita-PE, dos Santos Lucena de Brejo Santo-CE, entre outras. Foi o pai de José Pereira Filgueiras, Capitão-Mor do Crato-CE, que foi pai de Filgueirinha e da Velha Mafalda. José Quezado Filgueiras Lima também foi pai do Capitão Romão Pereira Filgueiras, pai de Francisca Quezado Martins Filgueiras, avô do Coronel Romão Sampaio de Serrita-PE e Salgueiro-PE, que foi bisavô do Coronel Chico Romão de Serrita-PE e tataravô do Cel. Chico Chicote.

Os sobrenomes Filgueiras e Quezado e as combinações de ambos são comuns nas cidades portuguesas de Porto e Viana da Foz de Lima, atual Viana do Castelo. Em Viana existe uma família tradicional com esse sobrenome. Segundo o português Jofre de Lima, a família Vianense descendente de João Quezado, o “Velho”, que nasceu na cidade do Porto e se estabeleceu na foz do rio Lima. Entre seus filhos, destacou-se Branca Quezado, casada do Gil Perez Tourinho, donatário de Porto Seguro, na Bahia. Alguns ramos desta família descendem de cristãos novos."

Referências:

FILGUEIRAS, João Paulo. http://osertaoontem.blogspot.com.br/2013/09/o-quezado-filgueiras.html Acessado em 27 de novembro de 2015. 2013.

Capitão-Mor José Pereira Filgueiras, filho de José Quezado Filgueiras Lima: Revolução e Morte

Já falamos em nossas postagens sobre um dos primeiros membros da família Quezado no Brasil, que deu origem à minha linhagem familiar. Trata-se de José Quezado Filgueiras Lima, o "Urucubaca", meu heptavô. Um de seus filhos, José Pereira Filgueiras, exerceu importante papel histórico, tendo sido capitão-mor do Crato.
Segundo a enciclopédia Wikipédia:
"José Pereira Filgueiras (Bahia, 1758 — São Romão, 1825) foi um militar e proprietário de terras brasileiro[1] . Participou da Revolução Pernambucana de 1817, sendo chefe das forças expedicionárias de D. Pedro I e transformando-se em um dos líderes revoltosos ao regime imperial brasileiro, ajudando a depor o governo legal do Ceará e tornou-se o Governador das armas deste estado. Filho do português José Quezado Fylgueiras Lima, “Urucubaca”, degredado por problemas políticos, e da baiana Maria Pereira de Castro, mudou-se para o Cariri Cearense aos seis anos.
Filgueiras casou-se em primeiras núpcias com Joaquina Parente, filha do mestre de campo baiano Manuel Gonçalves Parente, e passou a residir no Sítio São Paulo, herança do sogro, em Barbalha-CE. Em meados de 1803, casa-se com sua segunda esposa, Maria de Castro Caldas e substitui o primeiro Capitão-mor do Crato-CE, Arnau de Holanda Correia. Uma grande seca gerou instabilidade e a rivalidade com o sargento-mor José Alexandre Correia Arnaud causando a morte de um sobrinho, Gonçalo de Oliveira Rocha Júnior. Na disputa entre os dois, Filgueiras foi apoiado pelo governador, Manuel Inácio de Sampaio. José Arnaud conseguiu da corte no Rio de Janeiro a criação da capitania-mor de Jardim, com metade da jurisdição sobre a região do Cariri. Ele mesmo foi nomeado como o primeiro capitão, em 1816, mas morre antes de assumir a função.


Bárbara de Alencar
Durante a Revolução Pernambucana, em 1817, foi mandado como espião ao Cariri o subdiácono José Martiniano de Alencar, filho da heroína do Ceará, Barbara de Alencar, irmão de Tristão de Alencar Araripe e pai do escritor José de Alencar. Acompanhado por Miguel Joaquim Cesar, o jovem religioso entrou em contato com Filgueiras, considerado pela população local um bruxo cruel, provavelmente por algum costume criptojudeu ou templário, já que sua família em Portugal associou-se pelo casamento a burguesia Cristã-Nova e deteve títulos da Ordem de Cristo, criada dos espólios da Ordem do Templo após a extinção desta.
O capitão-mor recusou-se a participar da empresa, mas prometeu não interferir. Confiantes, os revolucionários reuniram-se para planejar o ataque a Fortaleza, quando surgiu a figura do temido Filgueiras, os presentes apresaram-se em se retirar, enquanto Martiniano procurava acalmá-los acreditando que o mesmo decidira aderir à causa. Por ordem de Manuel Inácio de Sampaio, seu aliado e governador da província do Ceará, Filgueiras prendeu os principais rebeldes, incluindo Dona Bárbara e os enviou para a prisão em Fortaleza, onde conta-se que se podiam escutar os lamentos da nobre senhora.
Batalha do Jenipapo:
Lorde Cocharane
"Com a proclamação a independência, os portugueses tentaram em vão retomar o norte da colônia. A vila de São João da Parnaíba apressou-se a aderir a esta e tornou-se alvo de uma tropa portuguesa. Apressaram-se a recorrer ao Cariri Cearense, de onde partiu, em 1822, Filgueiras no comando de cerca de 2 mil homens, número acrescido em Jardim e outras vilas, para comandar os rebeldes Piauienses. O “incrível exército de Filgueiras” era composto por jagunços, camponeses, índios e escravos armados com bacamartes, espadas e facas peixeiras. Do lado português uma pequena tropa de soldados profissionais bem armados e treinados, vindos do Maranhão e comandados pelo major João José da Cunha Fidié. A luta prometia ser dura, mas após a primeira salva de canhões a jagunçada debandou. Cercado e sem apoio Fidié capitulou, entregando armas em troca de salvo conduto. O comandante de armas Filgueiras, “Napoleão das matas”, voltou para Barbalha com status de herói nacional. A corte havia prometido um título de nobreza ao “vencedor de Fidié”, mas logo esqueceu a promessa e o título de marques foi concedido a um estrangeiro, Lorde Cocharane, enfurecendo Filgueiras."

Movimento da Confederação do Equador:
Tristão de Alencar Araripe
"A constituição do Império foi muito centralizadora o que provocou a Confederação do Equador, proclamada por Pernambuco. Insatisfeito com o governo Provincial, Tristão Araripe e Filgueiras, reconciliados, aderiram a Confederação e com as tropas reunidas usando as armas tomadas dos portugueses, eles tomaram e saquearam Fortaleza. Tristão foi nomeado presidente e Filgueiras comandante militar. Com a derrota do movimento em Recife, os dois partiram para o interior, Tristão foi morto pelos próprios soldados, teve a mão cortada e seu cadáver foi apedrejado e Filgueiras preso e levado para a Capital do Império, mas veio a falecer de febre palustre em São Romão-MG."

Segundo o Arquivo Nacional:
"José Pereira Filgueiras nasceu na Bahia, em 1758. Proprietário de terras, chegou a ser capitão-mor do Crato, no Ceará, durante a revolução pernambucana de 1817. Sob seu comando, a rebelião foi debelada, tendo seus líderes (nomes como Tristão de Alencar, e sua mãe Bárbara de Alencar) presos e remetidos para Fortaleza. Foi feito comandante em chefe das forças expedicionárias por D. Pedro I. Porém, devido a insatisfações para com promessas não cumpridas pelo Imperador, Filgueiras mandou uma circular às câmaras da província, em termos pouco respeitosos para com a Majestade Imperial, e, retirou-se para Fortaleza, fazendo várias prisões, depondo o Presidente e anexando o Ceará à Confederação do Equador, proclamada em Pernambuco. Ao lado de Tristão Araripe (presidente), tornou-se o Governador das armas, no Ceará. Foi preso em novembro de 1824, durante a repressão ao movimento, pelas tropas imperiais, e morreria de febre palustre a caminho do Rio de Janeiro"
Segundo Herodoto Historiador (2011), José Pereira Filgueiras foi importante líder político e militar no Ceará. Ele afirma que:
"O capitão-mor José Pereira Filgueiras, orgulho familiar, existiu realmente, segundo o Arquivo Nacional, ele nasceu na Bahia em 1758, proprietário de terras no Cariri, lutou a favor do Império na Revolução Pernambucana de 1817, prendendo Tristão Gonçalves de Alencar Araripe e sua Mãe Bárbara. Por esses serviços recebeu o título de capitão-mor do Crato. Foi comandante das forças expedicionárias e esperava receber um título de nobreza. Insatisfeito com o Imperador D. Pedro I aderiu a Confederação do Equador, invadiu Fortaleza ao lado de seu antigo inimigo Tristão de Alencar. Com o fracasso da Confederação foi preso e morreu de febre palustre a caminho do Rio de Janeiro. Percebe-se a contradição com a versão segundo a qual ele morreu de inanição, mas foi a versão idealizada que marcou a cultura familiar. As vendetas de Exu são uma evidencia de que conflitos entre os Filgueiras e os Alencar se estenderam ao século XX. As duas famílias acabaram se casando entre si, resolvendo os problemas entre os dois clãs". 
Ele ainda traz outras versões para a morte ou desaparecimento de José Pereira Filgueiras:
"Em uma outra versão o capitão participou também da guerra de independência do Brasil no Maranhão e não morrera durante a viagem como na versão familiar e na oficial. Ele teria escapado e fugido para o interior de Minas Gerais. Lá fundou o sítio Perdigão e constituiu família. O ministro Francisco Campos, que reformou a educação no Governo de Getúlio Vargas, seria seu descendente mineiro. Segundo o professor Marcos Antonio Filgueira, pesquisador genealógico, ele seria filho de um português, José Quezado Filgueiras Lima, vindo para a Bahia no século XVIII, e de uma baiana, Maria Pereira de Castro."

Referências: 
  1. Ir para cima
     FARIAS, Aírton. História do Ceará:Dos índios à geração cambeba. Fortaleza; Tropical editora, 1997. ISBN 8585332038
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pereira_Filgueiras
http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1195&sid=113
http://herodotohistoriador.blogspot.com.br/2011/03/iii-conquistas-e-sofrimentos.html

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Curiosidades: empresas e até prato típico que leva o nome da família Quesada

Diversas empresas foram fundadas por membros da família Quezado e Quesada. Dentre elas é interessante destacar:

QUESADA FARMACEUTICA - BUENOS AIRES

Empresa familiar. A Quesada está presente há mais de 60 anos no mercado argentino. Recentemente foi comprada pela Eurofarma SA para expansão de seus negócios na América Latina.
Quesadillas: prato típíco mexicano
QUESADA MEXICAN GRILL - CANADÁ

A rede de restaurantes e franquias Quesada Mexican Grill está presente no Canadá e serve o prato típico já muito conhecido nos Estados Unidos e Canadá, chamado Quesadillas, um tipo de Taco ou burrito, comida típica mexicana que faz muito sucesso por lá. Em diversos filmes aparecem referências às famosas Quesadillas.      http://www.quesada.ca/ 


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Meu trisavô Napoleão Quezado: grande poeta e Deputado Estadual

Destaca-se na linhagem direta o meu trisavô, o grande Napoleão Quezado Filgueiras, Deputado Estadual, Advogado, Promotor de Justiça e Tabelião do Cartório Quezado, também poeta ilustre citado como um dos grandes poetas populares do Nordeste em obras de resgate da cultura, ao lado de personalidades como Rogaciano Leite, Cego Aderaldo, Padre Verdeixas, Luiz Dantas Quezado e Zé de Matos*.

Hoje, Napoleão Quezado é nome de duas ruas da Capital, uma na Parangaba e outra na Água Fria, próximo à Av. Edilson Brasil Soares e Av. Washington Soares.

Trecho da Poesia de comemoração da independência 90 anos atrás:

INDEPENDÊNCIA
Napoleão Quezado Filgueiras
Barbalha, 07 de setembro de 1922.

Há Cem anos Pedro I
Com toda soberania
Ao povo brasileiro dizia:
Brasileiros! Decididos!
Corajosos! Reunidos!
Formemos grande corte
E digamos a Portugal
Que temos como ideal
Nossa independência ou morte!
(...)

*Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=307907
                  

 2ª Esposa de Napoleão Maria Alves Pinto Filgueiras

Personalidades públicas da Família Quesada pelo mundo

Lugares com nome de Quesada ou Quezada:
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Quesada

O surgimento da família em 1240 e a charmosa Ciudad de Quesada

O primeiro relato do nome Quesada surge na verdade em 1240 d.c. em manuscritos do Rei Fernando III de Leão e Castela, o santo (fonte: http://www.heraldicapellido.com/q/Quesada.htm).
Acredita-se que ela tenha se originado de cavaleiros que conquistaram terras da espanha junto com o Rei Fernando.

A charmosa cidadezinha de Quesada fica na província de Jáen, próximo à Costa Blanca espanhola do mar Meditarrâneo.

Na primeira volta ao mundo de Fernão de Magalhães um navio era liderado pelo capitão Quesada

Segundo diversas enciclopédias e livros, na primeira volta ao mundo, realizada por navios portugueses em 1519, um dos cinco capitães dos navios era o famoso Gaspar de Quesada. Ele comandava a nau Concepción, o terceiro maior navio entre os cinco. Após passarem pela Baia de Guanabara no Rio de Janeiro e aportarem na Argentina, o Capitão Quesada liderou uma rebelião contra Fernão de Magalhães. Gaspar de Quesada fracassou no seu intento, sendo condenado e decapitado posteriormente. Poucas semanas depois o próprio Fernão de Magalhães foi assassinado pelos nativos da Patagônia, na Argentina.

O interessante é que esse é o primeiro membro da família a pisar no Brasil, ainda em 1519.

Abaixo o trecho do livro (pode ser visto o texto inteiro em http://www.gutenberg.org/files/29243/29243-h/29243-h.htm)

Descobrimento das Filippinas pelo navegador portuguez Fernão de Magalhães Caetano Alberto (2009)
"(...) A esquadrilha que ia a descoberta compunha-se de cinco navios, de que Fernão de Magalhães era o almirante. O primeiro d'aquelles navios era o Trindade, em que ia Magalhães; o segundo Santo Antonio commandado por João de Cartagena; o terceiro, Conceição do commando de Gaspar de Quesada; o quarto, Victoria tendo por commandante Luiz de Mendonça; o quinto, Santiago, commandado pelo piloto João Serrano".

Bogotá, Capital da Colômbia, foi fundada por Gonzalo Jiménez de Quesada

Gonzalo Jiménez de Quesada (Granada, 1509 — Mariquita, Colômbia, 1579), foi um explorador, conquistador e historiador espanhol que participou na conquista da Colômbia, tendo morrido na busca vã do El Dorado. Foi o fundador de Bogotá, capital da Colômbia entre outras cidades.
O El Dorado era uma cidade de ouro que muitos exploradores acreditavam existir, sendo feito referências no filme Indiana Jones. Inclusive o famoso Coronel Fawcett, que inspirou o personagem Indiana Jones, desapareceu nas florestas do Brasil em busca da cidade de Ouro no início do século XX.
O nome do explorador Quesada batiza diversos prédios do governo na Colômbia, inclusive o Centro de Convenções do País.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gonzalo_Jim%C3%A9nez_de_Quesada

Dom Quixote de La Mancha se chamava Dom Quesada segundo Miguel de Cervantes


O melhor livro de ficção de todos os tempos pode ter sido baseado na vida de um decadente fidalgo da família Quesada, isso segundo afirma o próprio autor Miguel de Cervantes y Saavedra nos parágrafos iniciais de sua obra-prima. Ele afirma que "Numa pequena aldeia da Mancha, província espanhola, vivia um fidalgo. Um homem de costumes rigorosos e decadente fortuna. Dom Quesada vivia da exploração de suas propriedades, que mal lhe rendiam para manter uma simples aparência de abastança.".

Em princípios de maio de 2002, uma impressionante comissão de críticos literários de várias partes do mundo escolheu o livro Dom Quixote de La Mancha, escrito por Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616), a partir de 1602, como a melhor obra de ficção de todos os tempos. Ao tempo em que narrava os feitos do Cavaleiro da Triste Figura em ritmo dos romances da cavalaria, Cervantes enervado com o sucesso daquele tipo de gênero literário junto ao grande público, realizou uma das maiores sátiras aos preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis.

DOM QUIXOTE
(Página 1, Capítulo I)
Miguel de Cervantes y Saavedra

1.
Numa pequena aldeia da Mancha, província espanhola, vivia um fidalgo. Um homem de costumes rigorosos e decadente fortuna. Dom Quesada vivia da exploração de suas propriedades, que mal lhe rendiam para manter uma simples aparência de abastança. Homem forte, altivo e nervoso, cultivava a caça como esporte e como forma de abastecer melhor a sua mesa.

 
(...)

Ele possuia um pangaré que era usado nos serviços do sítio. O animal, apesar de magro e feio, pareceu um belo garanhão aos olhos do fidalgo. Depois de muito pensar, deu-lhe o nome de Rocinante. Esse nome lhe pareceu sonoro e adequado. Se antes havia sido um simples rocim, nada mais justo que agora fosse um Rocinante.

Batizado o cavalo, faltou-lhe um nome para si mesmo. Os nobres cavaleiros, personagens de seus livros, sempre trocavam os nomes. Ele deveria fazer o mesmo. Depois de oito dias remoendo o cérebro, encontrou um que lhe serviu como armadura da alma até o final de suas aventuras. Não seria mais simplesmente Quesada, e sim Dom Quixote. E, como faziam os cavaleiros andantes, juntou ao seu o nome do lugar de origem: Dom Quixote de la Mancha
.
 
Fonte: baseado em http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2002/05/17/000.htm

Luis Dantas Quezado: Poeta ilústre

Em 1923, quando se preparava para lançar o seu Cantadores, Leonardo Mota recebeu em sua casa a visita do poeta Luiz Dantas Quezado (nascido em 1850  em São João do Rio do Peixe-PB - hoje Antenor Navarro), que vivia no Cariri cearense desde a juventude. O velho poeta encontrava-se em Fortaleza acompanhando a publicação do seu opúsculo Glosas Sertanejas, do qual obtivemos uma cópia fac-similar da 4ª edição "correcta e muito augmentada pelo auctor", impressa na Tipografia Commercial  em 1925. Na oportunidade, Luiz Dantas  apresentou à Leota o poema A bicharia, que figura na primeira edição de Cantadores, publicado pela Livraria Castilho, do Rio de Janeiro, em 1921. A poesia de Luiz Dantas Quezado inspirou o compositor Zé Dantas (Siri jogando bola, música gravada por Luiz Gonzaga) e, mais recentemente, o cantor e multi-instrumentista pernambucano Antônio Nóbrega (Coco da Bicharada, incluído no CD O marco do meio-dia). Excelente para ser lido e trabalhado nas escolas. Segue um trecho abaixo:

(Trecho da poesia) - Poesia completa em http://acordacordel.blogspot.com/2011/05/caranguejo-de-gravata.html 

A BICHARIA
Autor: Luiz Dantas Quezado
 
Vi um Tií escrevendo,
UmCamaleão cantando,
Uma Raposa bordando,
Um Ticaca tecendo,
Um Macaco velho lendo,
Cururu batendo telhas,
Um bando de Rãs vermelhas,
Trabalhando n'um tissume,
Vi um Tatu num curtume,
Curtindo couro de abelhas.

Vi mosca batendo sola,
Mucuim tocando flauta,
Caranguejo de gravata,
E cabra jogando bola,
Vi pulga tocar viola,
Tamanduá engenheiro,
Guariba tocar pandeiro,
Vi um mosquito tossindo,
Uma formiga parindo,
Procotó era o parteiro.

In Glosas Sertanejas, de Luiz Dantas Quezado, 4ª edição "correcta e mui argumentada pelo auctor", Typ. Commercial - Fortaleza-CE; 1925. O referido poema figura também na primeira edição de Cantadores, de Leonardo Mota, publicado pela Livraria Castilho, do Rio de Janeiro, em 1921.

De Portugal para Bahia. Da Bahia para o Cariri.

Minha cidade natal e de tantos outros membros da família, a cidade de Aurora foi um destino certo para a família Quezado, mas essa história começa bem antes, lá em Portugal. O primeiro membro da família Quezado a residir no Brasil, o Português José Quezado Filgueiras Lima (vulgo Urucubaca), havia sido deportado de Portugal por motivos políticos, sendo exilado na Brasil, mais precisamente na Bahia por volta de 1770. Por volta de 1790 mudou-se com a família para o Cariri, sertão do Ceará. Seu único filho homem foi o famoso Capitão Mor José Pereira Filgueiras, que lutou junto à Bárbara Pereira de Alencar (avó de José de Alencar) no movimento pró-proclamação da República, tendo sido ambos presos posteriormente, morrendo Bárbara no Ceará e José Filgueiras sido levado para Minas Gerais onde morreu de febre palustre.
José Pereira Filgueiras é pai da Velha Malfada, dona do antigo Sítio São Paulo e avó de Mariquinha, que casou-se com o famoso Coronel Francisco Xavier de Sousa. O Coronel Xavier foi o fundador da cidade de Aurora, tendo casado, conforme apresentado, com a tataraneta de José Quezado Filgueiras Lima. 
Assim, muitos membros da família nasceram e cresceram em Aurora, inclusive sendo também minha cidade natal. Participaram ativamente da vida pública, como o Tabelião José Pinto Quezado, que dá nome a atual escola pública. Destaca-se em Aurora também o Cartório Quezado, que teve como Tabelião o ilústre Napoleão Quezado Filgueiras, meu Trisavô.
Muitos membros da família migraram para Fortaleza e outras regiões constituindo famílias e participando da vida pública.

Origem Espanhola da Família Quezado: O Castelo e a villa de Quesada

Relato baseado no livro de Genealogia da Família Quezado por Lucila Quezado (1993) e em pesquisas relacionadas:

A família Quezado remonta sua história à Espanha, no ano de 1240 d.c., ano dos primeiros registros do sobrenome Quesada (nome original da família em outros países, tendo se modificado para Quesado ou Quezado no Brasil), originário do nome "Casado". Assim, a família tem uma história de quase 800 anos desde seu início. Seu surgimento se deve provavelmente a Cavaleiros e suas famílias que lutaram junto ao Rei Fernando III, ou Santo Fernando, na reconquista de terras da Espanha que eram dominadas pelos Mouros (povos de origem árabe/ islâmica que povoaram a península ibérica à partir do século VIII). Nas terras da família foi fundada a Ciudad de Quesada, existente até hoje em dia.
Quesada é um município da Espanha na província de Jaén, comunidade autónoma da Andaluzia, de área 328,7 km² com população de 5922 habitantes (2007) e densidade populacional de 18,20 hab/km² (fonte: Wikipédia).
Assim, a família detinha muitas terras e tinha participação política ativa no reino de Castela e Andaluzia, contando com ministros junto ao Rei da Espanha.
Posteriormente, em decorrência de divergências políticas com o filho de D. Afonso XI chamado D. Pedro, o Cruel, Rei da Castela, o nobre Fidalgo Ponce Dias de Quesada é morto juntamente com outros fidalgos no conselho de Aguilar. Em decorrência da morte do pai, Lopo Dias de Quesada muda-se para a cidade do Porto, em Portugal, onde é recebido com honras em 1353 d.C., fixando residência e raízes da família nesse país.
Por volta dos anos de 1770, José Quezado Filgueiras Lima, vulgo Urucubaca, é deportado por motivos políticos de Portugal para o Brasil, especificamente na Bahia. Provavelmente nesse período a família passa a adotar o nome de Quezado.
Por volta de 1790 mudam-se para a região do Cariri, fixando raízes e tendo inclusive uma tataraneta sua se casado com o fundador da cidade de Aurora, o famoso Coronel Xavier.