sábado, 28 de novembro de 2015

Capitão-Mor José Pereira Filgueiras, filho de José Quezado Filgueiras Lima: Revolução e Morte

Já falamos em nossas postagens sobre um dos primeiros membros da família Quezado no Brasil, que deu origem à minha linhagem familiar. Trata-se de José Quezado Filgueiras Lima, o "Urucubaca", meu heptavô. Um de seus filhos, José Pereira Filgueiras, exerceu importante papel histórico, tendo sido capitão-mor do Crato.
Segundo a enciclopédia Wikipédia:
"José Pereira Filgueiras (Bahia, 1758 — São Romão, 1825) foi um militar e proprietário de terras brasileiro[1] . Participou da Revolução Pernambucana de 1817, sendo chefe das forças expedicionárias de D. Pedro I e transformando-se em um dos líderes revoltosos ao regime imperial brasileiro, ajudando a depor o governo legal do Ceará e tornou-se o Governador das armas deste estado. Filho do português José Quezado Fylgueiras Lima, “Urucubaca”, degredado por problemas políticos, e da baiana Maria Pereira de Castro, mudou-se para o Cariri Cearense aos seis anos.
Filgueiras casou-se em primeiras núpcias com Joaquina Parente, filha do mestre de campo baiano Manuel Gonçalves Parente, e passou a residir no Sítio São Paulo, herança do sogro, em Barbalha-CE. Em meados de 1803, casa-se com sua segunda esposa, Maria de Castro Caldas e substitui o primeiro Capitão-mor do Crato-CE, Arnau de Holanda Correia. Uma grande seca gerou instabilidade e a rivalidade com o sargento-mor José Alexandre Correia Arnaud causando a morte de um sobrinho, Gonçalo de Oliveira Rocha Júnior. Na disputa entre os dois, Filgueiras foi apoiado pelo governador, Manuel Inácio de Sampaio. José Arnaud conseguiu da corte no Rio de Janeiro a criação da capitania-mor de Jardim, com metade da jurisdição sobre a região do Cariri. Ele mesmo foi nomeado como o primeiro capitão, em 1816, mas morre antes de assumir a função.


Bárbara de Alencar
Durante a Revolução Pernambucana, em 1817, foi mandado como espião ao Cariri o subdiácono José Martiniano de Alencar, filho da heroína do Ceará, Barbara de Alencar, irmão de Tristão de Alencar Araripe e pai do escritor José de Alencar. Acompanhado por Miguel Joaquim Cesar, o jovem religioso entrou em contato com Filgueiras, considerado pela população local um bruxo cruel, provavelmente por algum costume criptojudeu ou templário, já que sua família em Portugal associou-se pelo casamento a burguesia Cristã-Nova e deteve títulos da Ordem de Cristo, criada dos espólios da Ordem do Templo após a extinção desta.
O capitão-mor recusou-se a participar da empresa, mas prometeu não interferir. Confiantes, os revolucionários reuniram-se para planejar o ataque a Fortaleza, quando surgiu a figura do temido Filgueiras, os presentes apresaram-se em se retirar, enquanto Martiniano procurava acalmá-los acreditando que o mesmo decidira aderir à causa. Por ordem de Manuel Inácio de Sampaio, seu aliado e governador da província do Ceará, Filgueiras prendeu os principais rebeldes, incluindo Dona Bárbara e os enviou para a prisão em Fortaleza, onde conta-se que se podiam escutar os lamentos da nobre senhora.
Batalha do Jenipapo:
Lorde Cocharane
"Com a proclamação a independência, os portugueses tentaram em vão retomar o norte da colônia. A vila de São João da Parnaíba apressou-se a aderir a esta e tornou-se alvo de uma tropa portuguesa. Apressaram-se a recorrer ao Cariri Cearense, de onde partiu, em 1822, Filgueiras no comando de cerca de 2 mil homens, número acrescido em Jardim e outras vilas, para comandar os rebeldes Piauienses. O “incrível exército de Filgueiras” era composto por jagunços, camponeses, índios e escravos armados com bacamartes, espadas e facas peixeiras. Do lado português uma pequena tropa de soldados profissionais bem armados e treinados, vindos do Maranhão e comandados pelo major João José da Cunha Fidié. A luta prometia ser dura, mas após a primeira salva de canhões a jagunçada debandou. Cercado e sem apoio Fidié capitulou, entregando armas em troca de salvo conduto. O comandante de armas Filgueiras, “Napoleão das matas”, voltou para Barbalha com status de herói nacional. A corte havia prometido um título de nobreza ao “vencedor de Fidié”, mas logo esqueceu a promessa e o título de marques foi concedido a um estrangeiro, Lorde Cocharane, enfurecendo Filgueiras."

Movimento da Confederação do Equador:
Tristão de Alencar Araripe
"A constituição do Império foi muito centralizadora o que provocou a Confederação do Equador, proclamada por Pernambuco. Insatisfeito com o governo Provincial, Tristão Araripe e Filgueiras, reconciliados, aderiram a Confederação e com as tropas reunidas usando as armas tomadas dos portugueses, eles tomaram e saquearam Fortaleza. Tristão foi nomeado presidente e Filgueiras comandante militar. Com a derrota do movimento em Recife, os dois partiram para o interior, Tristão foi morto pelos próprios soldados, teve a mão cortada e seu cadáver foi apedrejado e Filgueiras preso e levado para a Capital do Império, mas veio a falecer de febre palustre em São Romão-MG."

Segundo o Arquivo Nacional:
"José Pereira Filgueiras nasceu na Bahia, em 1758. Proprietário de terras, chegou a ser capitão-mor do Crato, no Ceará, durante a revolução pernambucana de 1817. Sob seu comando, a rebelião foi debelada, tendo seus líderes (nomes como Tristão de Alencar, e sua mãe Bárbara de Alencar) presos e remetidos para Fortaleza. Foi feito comandante em chefe das forças expedicionárias por D. Pedro I. Porém, devido a insatisfações para com promessas não cumpridas pelo Imperador, Filgueiras mandou uma circular às câmaras da província, em termos pouco respeitosos para com a Majestade Imperial, e, retirou-se para Fortaleza, fazendo várias prisões, depondo o Presidente e anexando o Ceará à Confederação do Equador, proclamada em Pernambuco. Ao lado de Tristão Araripe (presidente), tornou-se o Governador das armas, no Ceará. Foi preso em novembro de 1824, durante a repressão ao movimento, pelas tropas imperiais, e morreria de febre palustre a caminho do Rio de Janeiro"
Segundo Herodoto Historiador (2011), José Pereira Filgueiras foi importante líder político e militar no Ceará. Ele afirma que:
"O capitão-mor José Pereira Filgueiras, orgulho familiar, existiu realmente, segundo o Arquivo Nacional, ele nasceu na Bahia em 1758, proprietário de terras no Cariri, lutou a favor do Império na Revolução Pernambucana de 1817, prendendo Tristão Gonçalves de Alencar Araripe e sua Mãe Bárbara. Por esses serviços recebeu o título de capitão-mor do Crato. Foi comandante das forças expedicionárias e esperava receber um título de nobreza. Insatisfeito com o Imperador D. Pedro I aderiu a Confederação do Equador, invadiu Fortaleza ao lado de seu antigo inimigo Tristão de Alencar. Com o fracasso da Confederação foi preso e morreu de febre palustre a caminho do Rio de Janeiro. Percebe-se a contradição com a versão segundo a qual ele morreu de inanição, mas foi a versão idealizada que marcou a cultura familiar. As vendetas de Exu são uma evidencia de que conflitos entre os Filgueiras e os Alencar se estenderam ao século XX. As duas famílias acabaram se casando entre si, resolvendo os problemas entre os dois clãs". 
Ele ainda traz outras versões para a morte ou desaparecimento de José Pereira Filgueiras:
"Em uma outra versão o capitão participou também da guerra de independência do Brasil no Maranhão e não morrera durante a viagem como na versão familiar e na oficial. Ele teria escapado e fugido para o interior de Minas Gerais. Lá fundou o sítio Perdigão e constituiu família. O ministro Francisco Campos, que reformou a educação no Governo de Getúlio Vargas, seria seu descendente mineiro. Segundo o professor Marcos Antonio Filgueira, pesquisador genealógico, ele seria filho de um português, José Quezado Filgueiras Lima, vindo para a Bahia no século XVIII, e de uma baiana, Maria Pereira de Castro."

Referências: 
  1. Ir para cima
     FARIAS, Aírton. História do Ceará:Dos índios à geração cambeba. Fortaleza; Tropical editora, 1997. ISBN 8585332038
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pereira_Filgueiras
http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1195&sid=113
http://herodotohistoriador.blogspot.com.br/2011/03/iii-conquistas-e-sofrimentos.html

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